Minha esposa é formada em educação física, ela também esta correndo atrás do mestrado em fisiologia do exercício, porém com foco no mergulho. Esses dias estávamos conversando sobre ter um preparo físico melhor para mergulhar melhor. E ela me disse entre outras coisas que apenas 20%/30% do oxigênio que respiramos é devidamente aproveitado pelo nosso corpo, isso em uma pessoal que não tem um condicionamento físico regular.
Pois é, fiquei imaginando que 20 ou 30% para quem esta com um cilindro contado embaixo da água é muito pouco e é claro então que não é preciso ser nenhum atleta, porém é mais do que bom dar aquela corridinha umas 3x por semana e se possível, musculação para reforçar as costas (por conta do peso do equipamento) e também membros inferiores e superiores. Nosso corpo agradece e vai agradecer mais ainda quando todo mundo for avô.
Outra coisa interessante que li foi uma matéria na revista Go Outside de Março deste ano.
Uma reportagem falando sobre o uso da apnéia para o treino de mergulhadores scuba, como nós.
É claro que um treinamento desses, por mais simples que seja, já nos ajuda a manter a calma em alguma emergência ou até falta de ar, óbvio que sempre teremos nossa dupla (assim desejamos e se sua dupla for sua esposa, nunca brigue com ela na véspera de um mergulho) do lado para nos fornecer ar sempre que necessário, mas temos que imaginar todas as situações, pois as possibilidades são limitadas.
A revista da alguns passo-a-passo para treinarmos apnéia em casa e aos poucos melhorar nosso condicionamento físico. Vou digitar aqui, na íntegra para vocês.
Treinar a capacidade de suspender a respiração aumenta o tempo que você consegue ficar mergulhando sem cilindro, melhora o seu condicionamento para outra práticas esportivas, principalmente as aquáticas, e faz com que você tenha mais chance de sobreviver a uma emergência na água.
Está esperando o que para treinar?
1 – Comece numa piscina.
Escolha uma profundidade rasa (altura da cintura) para facilitar a ventilação e ter apoio.
Use neoprene mesmo em água com temperatura confortável, pois com o relaxamento o corpo gasta mais energia para se manter aquecido.
Use máscara de mergulho para evitar que respire pelo nariz e engasgue.
2-Prepare pulmões e mente.
Alongue-os fora da água, dando atenção especial à musculatura que envolve a caixa torácica, a lombar e principalmente a região da nuca. Faça dois a três minutos de respiração lenta, de amplitude moderada, usando o diafragma e relaxando os músculos do abdômen. Expire devagar, longa e profundamente.
3- Tenha um supervisor ao lado.
Por meio de sinais, seu amigo deve te monitorar enquanto estiver submerso e te socorrer caso desmaie por causa da hipoxia (pouco oxigênio no sangue). Peça para ele te tocar no ombro a cada 30 segundos durante os dois primeiros minutos. Depois, a cada 15 até o terceiro minuto. Tempo máximo que você deve arriscar. Se você não responder com o sinal pré-combinado, seu amigo deve tocá-lo de novo, imediatamente. Se a falta ou a confusão do sinal persistirem, ele deve retirá-lo da água (é o começo do samba, quando há perda do controle motor).
4 – Aqueça-se.
Faça um aquecimento de três ou quatro apnéias progressivas, enquanto flutua de barriga para baixo, totalmente parado. Suba assim que tiver a primeira sensação de que precisa respirar. Na borda da piscina, descanse fazendo a respiração abdominal por dois minutos, no mínimo, e faça outra apnéia, mas sem provocar sofrimento.
5- Respire fundo.
Agora é hora de tentar o seu tempo máximo. Faça um descanso maior (cinco minutos), partindo para a ventilação abdominal nos últimos dois minutos, e completa (profunda) nos segundos finais antes da submersão. Mas não inspire até se sentir desconfortável, pois reflexos te farão expirar. A hiperventilação, quando feita a ponto de baixar demais o nível de Co2 no sangue, pode te apagar.
6- Relaxe a mente.
Ignore seu corpo e cérebro te pedindo para respirar. Relaxe na água. Percorra com a mente todo o seu corpo, observando as áreas contraídas e soltando-as aos poucos. Vale qualquer distração para não olhar o relógio (até contar azulejos). Técnicas de ioga e meditação ajudam.
7- Hora de voltar.
Quando as contrações do diafragma ficarem contínuas e insuportáveis. busque apoio para os pés e para as mãos. Não levante abruptamente, apenas retire a cabeça da água e ventile completamente, pelo menos quatro vezes, para depois se movimentar. O nível de oxigênio ao fim da apnéia é baixo e você pode desmaiar nos 20 primeiros segundos.
Medidas emergenciais.
Se você desmaiar, seu amigo deve tirar sua cabeça da água, retirar equipamentos e no máximo durante 5 segundos, aplicar o tap, talk and blow; aqueles tapinhas na cara para reanimar.
Se isso não der certo, devem ser feitas respirações boa-a-boca para desbloquear o glote.
Se o caso for mais grave, use técnicas de ressuscitação cardiopulmonar e chame o resgate.
Fonte: Revista Go Outside – Março 2008 – Pag.48
Lembrem-se, os números informados são para pessoas que no mínimo tem um bom condicionamento físico. Antes de tentar qualquer coisa desse tipo, vá correr, melhorar o seu condicionamento. Quando você estiver bem, tente treinar a apnéia, mas não precisa seguir os números falados nessa matéria, use seus próprios limites e com certeza, com o tempo você vai avançando e podendo superar cada vez mais, afinal, tudo na vida é treino e persistência.
Lembre-se que não somos mergulhadores de apnéia, isso é apenas para que em uma eventual emergência lá embaixo, você possa agüentar mais tempo sem oxigênio e segundos ou minutos podem valer sua vida ou a de alguém.
Não esqueça também a principal regra do mergulho. NUNCA PRENDA A RESPIRAÇÃO E SUBA. Ou você pode estar a caminho de um acidente de mergulho que pode levar a morte.
Espero que tenham curtido um grande abraaaço, até mais..